Porto Velho, RO, 23 de maio de 2025 10:19

Não é só Ronaldinho: como são os rolês aleatórios que pagam até R$ 800 mil a ex-craques da Seleção

Faltavam 30 minutos para servir o café da manhã quando Ronaldinho, sem dormir, chegou ao saguão do hotel em Chennai, no sul da Índia. Estava cansado da viagem, sentindo o fuso pós-Londres, mas acima de tudo faminto. Então quando as portas se abriram, às 6h30 da manhã, o campeão mundial, sem hesitação, mandou uma macarronada direto no prato.

– Todo mundo falou: “Já está aqui? Batendo almoço logo de manhã” – conta o organizador do evento, Ricardo Ximenes, aos risos.

Ali, o cardápio inusitado marcava apenas o início de uma viagem de cinco dias, que levou uma dezena de campeões mundiais, em voos classe executiva, com cachês pagos, para um evento de três atos na Índia: encontro com crianças, jantar beneficente e um jogo para 23 mil pessoas no Estádio Jawaharlal Nehru. O Brasil venceu por 2 a 1.

Cruzaram o oceano, assim como Ronaldinho, sete campeões da Copa de 2002 e quatro de 1994. Entre eles, Rivaldo, Lúcio, Edmilson, Gilberto, Júnior, Amaral, Viola, Paulo Sérgio e até Dunga, que fez o papel de técnico do time. Também estiveram atletas como Giovanni, de 1998, e Ricardo Oliveira, que perdeu a Copa de 2006 por uma ruptura de ligamento.

– Muitas vezes só vamos nos encontrar nesses momentos, então terminava o almoço e a gente ficava conversando, cada um contando sua história – diz Paulo Sérgio, tetracampeão em 1994.

O trabalho de convencimento? Funciona na base da confiança e credibilidade, diz Ximenes, uma vez que os atletas não querem, como dizem, “entrar em uma barca”.

Mas o financeiro também ajuda, claro. São pagos cachês de cinco a 10 mil dólares em média para cada atleta, que por vezes levam familiares, acompanhantes, e têm logística de visto, hospedagem, alimentação e segurança mobilizados e custeados pela organização.

Só de passagem são 250 mil dólares. Classe executiva para todo mundo. A questão financeira acaba ajudando, mas acho que o que mais motiva é reviver tudo aquilo que viveu um dia sendo profissional.

O cachê mais caro já pago pela organização foi de 150 mil dólares. Não pelo cacife do atleta em questão, mas pelo que o evento exigia. Na negociação, chegou-se a este valor. O dinheiro, por sua vez, vem do contratante internacional interessado, enquanto os repasses são feitos pelo empresário.

– Pago os atletas antes da viagem. Até porque tem jogadores que já deixaram de receber de outras organizações, empresas que não pagaram – justifica ele, explicando o próprio método e sem revelar quem foi o jogador “mais caro”.

É uma verdadeira indústria, especializada em eventos com selecionado brasileiro fora do país.

Fonte: ge