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Análise: mudança nas asas da F1 coloca mais times na briga pela vitória
Jornalista Rodrigo França analisa impacto da nova diretriz técnica da FIA nas asas dos carros e projeta um cenário mais equilibrado a partir do GP da Espanha
A mudança foi anunciada no começo de 2025, mas a FIA deixou justamente o prazo de oito corridas para que os times se adaptassem à mudança. A alteração é de poucos milímetros, diminuindo tanto na flexão da asa dianteira (de 5mm para 3mm) e a deformação assimétrica (de 20 mm para 15 mm) e simétrica (de 15 mm para 10 mm).
Este rigor maior na flexibilidade parece pequeno, mas faz muita diferença em um carro de alta performance, extremamente dependente da aerodinâmica, tanto na reta a mais de 300 km/h, quanto nas curvas, para ter o máximo de aderência e velocidade.
Não é segredo para ninguém que o objetivo é justamente tirar de alguma forma uma vantagem da atual equipe dominante da F1, a McLaren, que estaria se beneficiando desta “zona cinzenta” do regulamento, com asas tendo mais flexibilidade e ainda assim “passando” no teste da FIA.
Inclusive isso aconteceu também na asa traseira, em que o atual time campeão dos construtores era acusado de ter um “mini DRS”, ou seja, uma “asa móvel” que abria na reta mesmo quando seu carro estava sozinho na pista. Mas o fato é que a mudança pode até ter diminuído a enorme vantagem da McLaren (lembro de ficar impressionado na sala de imprensa em Singapura da enorme vantagem de Norris na chegada contra Verstappen em 2024), mas o time seguiu dominando a F1 desde então.
Em entrevista com os jornalistas presentes em Mônaco após a corrida, o chefe da McLaren, Andrea Stella, acredita que a McLaren já está cumprindo o regulamento e que, portanto, não terá tanto impacto assim com a mudança na asa dianteira de Barcelona em diante.
É claro que ele também não admitiria em público que o carro sofreria muita queda de performance, mas nitidamente dá para ver que este novo elemento pode, sim, mudar a hierarquia das equipes. Não a ponto de tirar o favoritismo da McLaren, e sim trazer outros times mais próximos da briga, como RBR, Ferrari, Mercedes e, por que não, até mesmo a Williams. Estas quatro equipes estão bem mais confiantes para o GP de Barcelona do que nas etapas anteriores.
Quem também chega a Barcelona mais otimista é o brasileiro Gabriel Bortoleto. Afinal, a Sauber finalmente vai trazer upgrades para a corrida de Barcelona. É a primeira vez que isso acontece na temporada, com um pacote de mudanças significativas – e não apenas na asa dianteira.
Perguntei para Bortoleto em que setores do carro estão as novidades, e ele brincou que “ainda não poderia revelar”, mas o sorriso no rosto entrega que a partir desta sexta-feira, quando ele e Nico Hulkenberg vão iniciar os treinos, poderemos ver se a Sauber consegue melhorar de dois a três décimos de segundo por volta e, assim, dar um salto de performance.
Gabriel Bortoleto no GP de Mônaco da F1 2025 — Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images
Esta seria uma ótima notícia para Bortoleto, que atualmente consegue em um dia de boa performance se classificar para o Q2 por volta das 13ª ou 14ª colocação. Se tiverem uma pequena melhora, andarão mais próximos da zona de pontuação e assim lutar por um 11º na classificação, tendo chance de lutar pelas posições finais dos pontos, de oitavo a décimo.
Meu palpite de primeira fila vai para Lando Norris na pole, mostrando que a McLaren segue favorita, mas com Verstappen bem perto da briga em segundo. E quem sabe Mercedes e Ferrari também aparecem na segunda fila – quatro times brigando pela vitória seria um ótimo presente ao fã após um GP de Mônaco onde faltou emoção.
