Porto Velho, RO, 22 de maio de 2025 06:56

Ibovespa bate os 139 mil pontos pela 1ª vez na história, após ata do Copom e trégua do tarifaço; dólar cai

Ibovespa ultrapassou os 139 mil pontos pela primeira vez na história durante o pregão desta terça-feira (13). O principal índice de ações da bolsa brasileira opera em alta nos últimos minutos da sessão, com avaliação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os juros no Brasil e dos efeitos da trégua tarifária entre Estados Unidos e China.

O dólar, por sua vez, fechou em queda, cotado a R$ 5,60.

Na ata, o Copom avaliou que o processo de elevação dos juros no Brasil já tem contribuído e “seguirá contribuindo para a moderação de crescimento”. Na semana passada, o BC elevou a taxa Selic pela sexta vez consecutiva, para 14,75% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.

Além disso, o comitê ainda indicou que o ambiente de expectativas desancoradas de inflação — ou seja, um ambiente em que as projeções para o índice de preços coletadas no mercado financeiro estão acima da meta do BC — vai exigir um juro maior por mais tempo.

O colegiado ainda afirmou que se manterá vigilante e que a “calibragem” (o ritmo) da alta do juro seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação para as metas.

Também continuou no radar dos investidores o acordo entre EUA e China sobre as chamadas “tarifas recíprocas” implementadas pelo presidente americano Donald Trump.

No fim de semana, as duas potências concordaram em diminuir significativamente as taxas sobre produtos de importação durante 90 dias.

  • As taxas dos EUA sobre as importações chinesas cairão de 145% para 30%.
  • As tarifas da China sobre os produtos americanos serão reduzidas de 125% para 10%.

 

Somou-se a isso o resultado do índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês), que veio abaixo do esperado pelo mercado e ajudou a reforçar a perspectiva de que o ciclo de aperto monetário norte-americano pode estar chegando ao fim.

💲Dólar

 

O dólar recuou 1,34%, cotado a R$ 5,6086. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,5946. Veja mais cotações.

Na segunda-feira (12), a moeda americana fechou em alta de 0,53%, cotada a R$ 5,6849.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 0,53% na semana;
  • avanço de 0,14% no mês; e
  • perda de 8,01% no ano.

O Ibovespa operava em alta nos últimos minutos do pregão, caminhando para fechar em recorde.

Na véspera, o índice fechou em alta de 0,04%, aos 136.563 pontos, renovando o maior patamar desde agosto.

Com o resultado, o índice acumulou:

  • alta de 0,04% na semana;
  • avanço de 1,11% no mês; e
  • ganho de 13,53% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

 

Segundo especialistas, o bom humor visto nos mercados nesta terça-feira (13) — com recorde na bolsa de valores e valorização do real ante o dólar — reflete não apenas os últimos resultados corporativos divulgados, como também o ambiente macroeconômico mais favorável, tanto no cenário externo quanto no doméstico.

“A divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA, que subiu abaixo do esperado em abril, trouxe alívio aos mercados globais, reforçando a percepção de que o ciclo de aperto monetário americano pode estar chegando ao fim”, afirma o analista da CM Capital, Vitor Agnello.

Além disso, os analistas ainda citam o acordo entre os EUA e a China, anunciado na véspera, e as indicações do Copom em sua ata, como outros fatores que impulsionaram o otimismo no pregão de hoje.

“Essa conjuntura de notícias positivas para o mercado fez com que os investidores tomassem risco”, explica Gabriel Mollo, analista de investimentos do Banco Daycoval.

Entenda cada um dos pontos abaixo:

Novos sinais do Copom

 

No Brasil, a ata do Copom divulgada nesta terça-feira (13) mostrou que as decisões do BC seguirão guiadas pelo objetivo de trazer a inflação brasileira para as metas.

O colegiado afirmou que o ambiente internacional adverso e a desancoragem das expectativas de inflação podem exigir juros maiores por mais tempo. Ainda assim, o comitê indicou que a política monetária está funcionando — o que foi visto com bons olhos pelos investidores.

Segundo o BC, o impacto da elevação da taxa básica de juros no mercado de trabalho já está sendo observada e deve se intensificar. Em março, por exemplo, foram criadas 71,6 mil vagas formais de empregocom queda de 71% frente ao mesmo período do ano passado.

Diante desse cenário de desaceleração, os economistas do mercado financeiro passaram a projetar estabilidade na taxa Selic até o fim de 2025, de acordo com o relatório “Focus” do BC divulgado nesta segunda (12). Até então, eles estimavam uma nova elevação em meados de junho, para 15% ao ano.

Os analistas também reduziram, pela quarta semana consecutiva, a expectativa de inflação de 2025, de 5,53% para 5,51%. Mesmo com a redução, no entanto, o índice continuaria bem acima do teto da meta, que é de 4,5%.

As incertezas internacionais, no entanto, continuam a pesar para o Copom. Segundo o economista e relações institucionais da Polo Capital, Arnaldo Lima, a ata “trouxe um diagnóstico ainda mais severo sobre o cenário externo”.

“Destaca-se a avaliação de que, embora o Brasil possa estar relativamente menos exposto aos efeitos diretos das tarifas norte-americanas do que outras economias, segue fortemente impactado por um ambiente global adverso”, afirmou, em nota.

 

Acordo entre China e EUA

 

No ambiente externo, o acordo entre EUA e China sobre tarifas continuou a repercutir.

“Esta é uma redução substancial da tensão. No entanto, os EUA ainda impõem tarifas muito mais altas à China”, ponderou Mark Williams, economista-chefe para a Ásia da Capital Economics. “Não há garantia de que a trégua de 90 dias dará lugar a um cessar-fogo duradouro.”

Fonte: g1