Amazônia
Marcha dos povos originários destaca protagonismo indígena na preservação da natureza
Indígenas de todo Brasil estão acampados na capital federal e marcharam até o Congresso Nacional
Representantes da Defensoria Pública de alguns estados brasileiros estiveram presentes na marcha. Arthur Pessoa, defensor público do Amapá, destacou que participou do ATL para ouvir as demandas dos povos originários e traçar estratégias para atender as comunidades. A defensora pública Letícia Amorim, de Tocantins, citou que a Defensoria Pública atua com atendimentos jurídicos para os indígenas, como a inclusão de etnias nos nomes e questões territoriais.
Confusão com a polícia
As Polícias Legislativas Federais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal usaram agentes químicos para conter os indígenas que participavam da marcha do Acampamento Terra Livre.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do DF, duas mulheres foram atendidas com mal súbito. “Uma foi transportada para a UPA de São Sebastião e a outra para o IHBDF. Estavam conscientes, orientadas e estáveis”, diz nota da corporação. Um dos indígenas atingidos foi a deputada federal Célia Xakriabá (PSol-MG).
“Mesmo me identificando como deputada federal, fui impedida de sair do local, constrangida, agredida e precisei de atendimento médico na Câmara dos Deputados. Esse episódio escancara o que temos denunciado há muito tempo: a violência do Estado contra os povos originários e o racismo institucional que marca as estruturas de poder deste país. Também é violência política de gênero, num país em que ser mulher indígena no Parlamento é resistir diariamente ao apagamento”, escreveu Célia Xakriabá, nas redes sociais.
A assessoria da Câmara dos Deputados informou que a ação dos policiais legislativos foi tomada para impedir a entrada no Congresso Nacional. “O acordo com o movimento indígena, que reúne lideranças de diferentes etnias do país, era que os cerca de 5 mil manifestantes chegassem apenas até a Avenida José Sarney, anterior à Avenida das Bandeiras, que fica próxima ao gramado do Congresso. Mas, parte dos indígenas resolveu avançar o limite. A situação já foi controlada e o policiamento das duas Casas Legislativas, reforçado”, disse a Câmara dos Deputados.
COP30
Também nesta quinta-feira (9/4), o Ministério dos Povos Indígenas anunciou uma Comissão Internacional Indígena para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que ocorrerá em novembro, em Belém (PA). O grupo tem o objetivo de ampliar a visibilidade e a influência dos povos indígenas nas negociações climáticas e será coordenado pela ministra Sonia Guajajara.
“A comissão é uma plataforma que busca o avanço dos direitos indígenas, da resiliência e da liderança climática. Temos, na COP-30, a oportunidade de garantir a melhor e maior participação indígena da história. Nossa meta é ter mil representantes indígenas credenciados na Zona Azul”, pontua Sonia Guajajara.
Fonte: Correio Braziliense
