Congressista do MDB sugere ações preventivas em meio a eventos climáticos extremos e propõe melhorias no sistema educacional
O senador de Rondônia e ex-governador do Estado, Confúcio Moura, publicou um texto onde destaca a urgência das questões climáticas e sua relação com as eleições municipais de 2024. Em sua análise, o parlamentar chama a atenção dos candidatos a prefeito, com ênfase especial aos de Rondônia, para a necessidade de se prepararem para os desafios impostos pelas mudanças climáticas e a baixa qualidade educacional.
Confúcio inicia sua reflexão com um alerta sobre a intensificação dos eventos climáticos extremos, mencionando a recente tragédia no Rio Grande do Sul e os baixos níveis de rios amazônicos, como o Rio Madeira e o Rio Amazonas. Ele observa que “isso está acontecendo por causa das chamadas mudanças climáticas”, ressaltando que o aumento da temperatura global não é mais uma hipótese questionada, mas um fato amplamente reconhecido. O senador ainda compartilha que, em sua visão, muitas pessoas “achavam que era mania de ambientalista xiita”, mas que a gravidade da situação é evidente.
O senador também aponta para a percepção pública dos eventos climáticos, referindo-se a uma pesquisa em que “90% dos gaúchos acreditam que o que houve no Rio Grande do Sul foi uma resposta aos desmandos ambientais ocorridos ao longo dos anos”. Moura sugere que os prefeitos devem antecipar possíveis desastres climáticos e adotar medidas preventivas, perguntando: “O que é que eu, como prefeito, posso fazer, de uma maneira preventiva, pra reduzir a temperatura da minha cidade pra que o clima fique melhor, mais ameno?”
Entre as propostas apresentadas por Confúcio, estão ações de reflorestamento, plantio de árvores e utilização de terrenos baldios para lavouras e hortaliças. Ele também enfatiza a importância de evitar o desmatamento e a ocupação de áreas públicas e protegidas. O senador destaca que o planejamento das cidades deve incluir a criação de redes de proteção para famílias vulneráveis e um sistema de drenagem adequado para evitar enchentes.
Além das questões ambientais, o parlamentar aborda o cenário educacional nos municípios, criticando o desempenho dos alunos e a baixa qualidade do ensino. Moura aponta que “na maioria dos municípios, o IDEB está baixo” e propõe que os prefeitos sigam os exemplos de estados como Ceará, Piauí, Paraíba e Pernambuco, que têm se destacado na educação básica e no ensino médio profissionalizante. Ele sugere que os prefeitos busquem “copiar os modelos nacionais de sucesso da educação” e investir na formação de mão de obra qualificada.
Confúcio também cita sua experiência como governador de Rondônia, mencionando a criação do Instituto Abaitará e do IDEP (Instituto de Desenvolvimento de Educação Profissional), que têm como objetivo qualificar jovens de 13 a 17 anos para o mercado de trabalho. “Isso aí o governo pode fazer e eu criei no meu governo”, destaca o senador, ao incentivar o desenvolvimento de projetos voltados à formação profissional.
Ao encerrar sua reflexão, o senador reforça a importância de uma administração focada em segurança, educação e qualidade de vida, ressaltando que “o candidato a prefeito tem que se atentar para essas questões” para se alinhar com as demandas de um mundo em constante transformação.
CONFIRA O TEXTO:
Eventos climáticos, educação, e as eleições municipais
Por Confúcio Moura
Eu quero aqui dar um conselho muito importante, e ao mesmo tempo uma advertência, para os candidatos a prefeitos do Brasil, especialmente aos de Rondônia.
Nós estamos vendo os eventos climáticos cada vez mais intensos. Há poucos dias, nós vimos a tragédia do Rio Grande do Sul, que pareceu um dilúvio. Estamos vendo a seca em muitos rios da região amazônica. O Rio Madeira, que está extremamente baixo, bateu recorde de baixa vazão. O rio Amazonas também está muito baixo. Os rios e Igarapé estão secando. Isso é extremamente grave.
Isso está acontecendo por causa das chamadas mudanças climáticas, que no passado quase ninguém acreditava. Muita gente achava que era mania de ambientalista Xiita. Mas fato é que a temperatura está realmente mais quente. Nós estamos vendo gente morrer de calor. É evidente que a temperatura na terra está mais alta. Disso ninguém mais duvida.
90% dos gaúchos, em pesquisa, acreditam que o que houve no Rio Grande do Sul foi uma resposta aos desmandos ambientais ocorridos ao longo dos anos naquele estado, e vem se repetindo lá, e, na forma de outros eventos, em várias regiões do Brasil e do mundo.
Em tempos de eleição, com relação a essas questões climáticas, fico imaginando se um candidato a prefeito está pensando assim: “a minha cidade está em paz hoje!” Mas, pergunto, será que ela vai continuar assim por muito tempo? O correto seria cada um se questionar: O que é que eu, como prefeito, posso fazer, de uma maneira preventiva, pra reduzir a temperatura da minha cidade pra que o clima fique melhor, mais ameno?
Que tal plantar muitas árvores nos terrenos baldios e nos quintais? Que tal usar os terrenos ociosos para as lavouras, para o plantio de flores, de hortaliças, enfim, utilizar os espaços disponíveis da cidade para várias finalidades benéficas ao meio ambiente, inclusive para recuperar as nascentes do município?
E tudo isso pensando num grande programa de recuperação. De reflorestamento. Incentivando os sitiantes, os fazendeiros, a aproveitarem mais as áreas já desmatadas. E, claro, não estimular o desmatamento, a ocupação de áreas públicas ou de áreas protegidas e as Unidades de Conservação. Tudo isso tem que ser minuciosamente pensado.
Também não se deve esquecer do asfaltamento correto das ruas, com a drenagem das águas das chuvas, para que não ocorram aquelas enxurradas cada vez maiores, que inundam bairros, lojas, casas. Um futuro prefeito tem que ter as ideias à frente. Até porque muitas pessoas são afetadas, principalmente as mais pobres e que vivem em áreas vulneráveis, de risco. Temos que pensar em todos esses segmentos.
Redes de proteção têm que ser criadas para essas famílias. É muita coisa pra se discutir. Normalmente os candidatos a prefeito ficam fazendo o trivial. É um tal de eu prometo isso, eu prometo aquilo, mas na realidade ele tem que planejar o futuro, como o da melhoria da educação, por exemplo.
Na maioria dos municípios, o IDEB está baixo. Alunos na escola sem aprender. Para isso, penso que o prefeito deve copiar os modelos nordestinos. Os modelos do Ceará, os modelos do Piauí, da Paraíba, os modelos do ensino médio de Pernambuco, os modelos de Goiás. Então, copiar os modelos nacionais de sucesso da educação e preparar a mão de obra qualificada, que é o ensino médio profissional. Nós temos que fazer isso, preparar.
Não basta ter diplomas de nível superior sem muitas vezes ter mercado pra empregar essas pessoas. É melhor formar um menino de nível médio qualificado como já se faz no Instituto Federal de Educação – o IFRO, em Rondônia.
Instituto Abaitará
Quando fui governador, criei o Instituto Abaitará, criei o IDEP, que é o Instituto de Desenvolvimento de Educação Profissional, para que os nossos jovens de 13 a 17 anos sejam qualificados. Isso aí o governo pode fazer e eu criei no meu governo. Agora é só desenvolver o projeto e formar jovens competentes que, com suas qualificações, vão poder trabalhar no comércio, nas atividades empresariais, na lavoura, ou em qualquer outro setor, e ganhando bem.
Segurança, educação e qualidade de vida para o povo. O candidato a prefeito tem que se atentar para essas questões. Assim deve ser o prefeito moderno.