/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/U/c/eHHthbQnG4CMCRDXUYAQ/whatsapp-image-2024-06-11-at-11.48.25.jpeg)
Rio Acre registra 1,98 metro neste sábado, em Rio Branco — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica
O Rio Acre, em Rio Branco (AC), alcançou a marca de 1,98 metro neste sábado (15). É a segunda menor marca dos últimos 10 anos para o mês de junho na capital. Nesta semana, o governo do estado decretou emergência por conta da falta de chuvas e do baixo nível dos mananciais em toda a Bacia do Rio Acre, que se encontra em situação de alerta máximo.
Três meses após sofrer com enchentes históricas, o Acre agora está começando a sentir os efeitos de um novo evento climático extremo, a seca. Durante todo o mês de maio, o Rio Acre, principal afluente do estado, ficou abaixo de 4 metros. Agora em junho, o manancial tem atingido marcas ainda mais críticas.
⚠️Especialistas ouvidos pelo g1 já apontavam para a possibilidade de seca antecipada antes da publicação do decreto de emergência, quando o Rio Acre marcou 2,52 metros no dia 30 de maio, a menor marca para o mês. Desde o início de junho até este sábado, o nível do rio baixou 61 centímetros.
Neste mês, o nível do Rio Acre subiu nível apenas no dia 2 de junho, quando saiu de 2,59 metros para 2,60 metros. Em todos os outros registros, divulgados pela Defesa Civil da capital de forma diária, o cenário é de queda. (Veja no gráfico abaixo)
● Oscilação do Rio Acre em Rio Branco: 2,28
O baixo índice pluviométrico na região contribui para o cenário de seca. O esperado para junho é de que chova 60 milímetros. No entanto, não chove desde o início do mês, o que pode afetar o abastecimento de água, segundo o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista.
“Nós temos redução dos mananciais e com essa redução, dificulta um pouco a captação de água. Então há todo esse problema na agricultura e na pesca”, disse.
A situação contrasta com a vivenciada no início do ano, quando o manancial transbordou, e o total de chuvas chegou a 438 milímetros.
De acordo com o Monitoramento Hidrometeorológico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), emitido nesta sexta (14), apenas em Assis Brasil, no interior do estado, houve aumento de 12 centímetros nas últimas 24 horas, saindo de 2,90 metros para 3,02 metros, isto porque houve chuvas de 9,6 milímetros durante este período.
Apesar da oscilação em Assis Brasil, toda a Bacia do Rio Acre está em situação de alerta máximo, com redução no nível. Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), não houve chuvas significativas na região.
Nível da Bacia do Rio Acre
Bacia do Rio Acre | Nível atual – 14/06 | Alerta máximo para seca |
Assis Brasil | 3,02 metros | 3,50 metros |
Brasiléia | 1,13 metro | 3,50 metros |
Xapuri | 1,56 metro | 2 metros |
Rio Branco | 1,99 metro | 2,69 metros |
Riozinho do Rôla | 1,53 metro | 3 metros |
De cheia a seca extrema em poucos meses
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/A/z/9u4GK4RnaXX2Iy3XnMZA/whatsapp-image-2024-02-28-at-12.38.40.jpeg)
Brasiléia ficou 80% inundada durante enchente — Foto: Arquivo
Todos os locais por onde o rio ‘passa’ registraram enchentes entre fevereiro e março. Em Brasiléia, o município teve cerca de 80% da área inundada entre fevereiro e março e enfrentou a maior enchente de sua história, quando o manancial chegou a 15,58 metros na cidade.
Quase 4 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. Mais de três meses depois, o nível atual registrado é de 1,13 metro nesta sexta (14), com queda de 10 centímetros desde o início de junho.
Em Xapuri, onde o Rio Acre alcançou 17,07 metros, a última medição aponta para 1,56 metros. Em alguns pontos do manancial, é possível ver bancos de areia. A enchente deixou mais de 200 pessoas desabrigadas e outras 545 desalojadas na região. Neste mês, o nível iniciou em 1,71 metros. Ou seja, uma queda de 15 centímetros.
Já em Assis Brasil, o manancial chegou a 13,36 metros com mais de 400 pessoas desabrigadas e quatro bairros atingidos. Já nesta sexta, o nível registrado é de 3,02 metros. A marcação do último dia 2 de junho era de 2,99 metros. A cidade foi a única da Bacia do Rio Acre a registrar índice significativo de chuvas: 31,2 milímetros.
Rio Branco, por fim, foi a cidade onde o Rio Acre apresentou a maior queda em junho [60 centímetros] e a única da Bacia que não registrou chuvas. No dia 6 de março deste ano, o manancial chegava a 17,89 metros, sendo a segunda maior enchente da capital desde 1971. O nível atual desta sexta (14) é de 1,99 metros. Ou seja, quase 16 metros a menos do que foi registrado há mais de três meses.
“Essa é a segunda menor cota para junho, em toda nossa série histórica que começou em 1971, e está a 5 cm da menor cota, que foi de 1,94m, que foi em junho de 2016. A gente vem percebendo que o comportamento do Rio Acre tá em tendência de vazante. Nas demais bacias, os níveis estão em tendência de vazante também”, complementou o coordenador da Defesa Civil estadual.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/4/D/RzzrSNSdyeO9VoKSuAGg/mapa-cheias-acre-v5.jpg)
Mapa Seca Rio Acre 2024 — Foto: Arte g1
Falta de chuvas
É preciso entender ainda que as chuvas na região precisam estar dentro da normalidade para o rio poder correr normalmente, o que não acontece atualmente no Rio Acre. Em maio, choveu apenas 56,4 milímetros na capital, o que corresponde a 40% do que era esperado para todo o mês, que era de 108 milímetros.