Manchete
MDB ENTRA NA BRIGA – Candidatura de Euma Tourinho muda o cenário político na capital
Saiba mais sobre a mulher que terá a missão de representar o MDB nas eleições deste ano; com DNA empreendedor, pré-candidata quer ouvir a população antes de apresentar plano de governo
DA REPORTAGEM LOCAL
A ex-juíza Euma Tourinho vai encabeçar a chapa majoritária para a prefeitura de Porto Velho. Dona de uma carreira exemplar na magistratura, o nome de Euma começa a ganhar a simpatia de vários segmentos empresariais, além de parte do eleitorado da capital. De família pioneira, Euma tem no seu DNA o espírito empreendedor, corajoso, sempre pautada pela honestidade, competência e comprometimento com as demandas de Porto Velho.
Apesar de seus 25 anos na magistratura de Rondônia, ela tem “um pé na gestão”. Desenvolveu vários projetos ainda no Tribunal de Justiça e tem especialização na área, com passagem pela Escola Superior de defesa, no curso de Autos Estudos e Defesa. Ajudou ainda vários prefeitos do interior do Estado na formatação e embasamento de projetos para o desenvolvimento do interior de Rondônia.
Guerreira, visionária e defensora da melhoria da qualidade de vida da população, Euma Tourinho inicia um novo ciclo na política partidária. Entusiasta e com o olhar no futuro, ela trabalha na elaboração de plano de governo macro, que atenda e leve resultados positivos para a maioria da população de Porto Velho, em todas as áreas.
Nesta primeira fase de pré-campanha vai ouvir a população, debater com sua equipe técnica, falar com as associações de moradores. Na segunda fase, com todos os dados e indicadores sociais na mão, formatará um plano de governo que irá dotar a maior cidade de Rondônia de infraestrutura e serviços dignos de uma capital forte, progressista e moderna.
Em entrevista exclusiva para o jornal 30minutos.online ela faz uma balaço de sua trajetória, fala sobre sua ida foi para São Paulo estudar, empreendedorismo, família e o que pensa para Porto Velho. Confira os principais trechos.
30MINUTOS – Fale um pouco sobre a mulher, a portovelhense de coração, Euma Tourinho, qual é a sua história de vida?
EUMA TOURINHO – Antes de eu falar de mim eu preciso falar da minha família Tourinho. Meu avô chegou em 1932 aqui, a cidade terminava onde é o colégio Maria Auxiliadora, tinha duas mil pessoas (2mil pessoas), meu avô nunca saiu daqui teve inúmeras possibilidades de ir embora de Porto Velho e disse que seria enterrado aqui e foi enterrado aqui.
Além disso, tenho que falar de meu Tio Luiz Tourinho, irmão do meu avô, um homem empreendedor, um homem visionário, que falou da saída para o pacífico em 1974, hoje nós temos três linhas nesse sentido que podem ser explorada, com o turismo de negócio, entre outros setores. Esse corredor vai gerar muitos empregos e desenvolvimento. Foi presidente da Federação do Comércio (Fecomércio), foi presidente do Sebrae.
Meu pai é o filho mais velho do meu avô, Euro Tourinho Filho, foi ele quem trouxe a primeira faculdade para Rondônia, foi pelas mãos dele. Na época dos meus tios, ou estudava em Belém, na Federal, ou não estudava. Todos eles passaram na Federal, meu pai foi para lá fez engenharia e voltou para trabalhar aqui. Trabalhou no Incra, na Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), foi presidente do Sebrae também, ele é o mais velho, meu tio Eudes Tourinho que é médico foi obstetra, fez inúmeros partos nesta cidade, e hoje é radiologista amado por todos.
30MINUTOS –De que maneira essa trajetória de família a influenciou?
EUMA TOURINHO – Da melhor forma possível. Então de maneira bastante resumida, eles me antecederam, meu avô casou com minha avó Maria do Carmo que teve nove filhos, foi a primeira contadora deste local, que chamava à época de guarda-livros. Trabalhou em uma época em que as mulheres não trabalhavam, veja de onde vem a minha força, a força das mulheres da minha família, trabalhava em dois lugares diferentes, trabalhou nas Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), só saiu quando não tinha mais idade e não era mais possível continuar, se não ela teria continuado. Então, essa é a minha família que me precede e que tem uma história que se confunde com a história deste local desta cidade de Porto Velho.
“De todas as conversas preliminares a que mais me tocou, que se aproximou daquilo que penso, foi a proposta defendida pelo MDB”
30MINUTOS – A senhora é filha de Porto Velho, qual sua identificação com a capital?
EUMA TOURINHO – Eu nasci em Belém, não nasci em Porto Velho, mas desde que eu me entendo por gente que as pessoas perguntam eu respondo que sou rondoniense, porque aqui que eu tenho vínculo afetivo, não tenho nenhuma referência de Belém. Minha mãe morava lá meu pai foi para Belém estudar. Tiveram três filhos juntos, minha mãe casou duas vezes e meu pai duas vezes. Venho para cá e adoeço e minha mãe foi buscar recursos em hospitais públicos em São Paulo, por isso que eu morei por alguns anos em São Paulo. Tenho parte da minha vida acadêmica lá, vindo para cá todas as férias, de ônibus atolando na BR-364, lá de Presidente Prudente. Eram 48 horas de viagem. Atolava, a gente empurrava, tudo muito difícil. Daí, abre a magistratura e eu presto concurso. Naquela época menos de 1% dos inscritos passavam. Neste concurso, passaram oito, eu a única mulher. Chego no movimento que mulheres se apresentam e têm oportunidades, e é isso que eu insisto muito, porque eu não entrei na magistratura porque eu era mulher, entrei porque fui aprovada. Isso aconteceu porque eu tive oportunidade. Meu pai, um homem conservador, um homem tradicional, que tinha ideias muito avançadas para sua época, falava: filho meu tem que estudar sendo homem ou mulher, então eu tive oportunidade de estudo, passo em um concurso por meu mérito e começo a trajetória na magistratura por 25 anos, foi o tempo que eu fiquei lá.
Nesse período, lá atrás por causa dessa veia empreendedora, eu já tinha trabalhado em São Paulo, fui servidora pública, passei em um concurso lá, então eu tenho um olhar muito de perto para serviço público, e sabia que em São Paulo ou eu trabalhava duramente ou eu não sobreviveria em uma cidade com esse perfil. Começo a procurar, perguntar sobre esses aspectos de gestão, isso dentro de um setor pequeno que faria a diferença. Aquele que tinha um método, que tinha uma forma de trabalhar, acabava produzindo mais do que alguém que não tinha método de gestão nenhuma.
“Vários locais precisam de nossa atenção, os Distritos foram abandonados”
30 MINUTOS – Como foi seu início da magistratura?
EUMA TOURINHO – Foi em 1999. Eu entro na magistratura e passei por várias Comarcas: Espigão D’Oeste, Jaru, Cacoal até eu voltar para capital, em 2013, faz 11 anos isso. Neste mesmo tempo, entro no Sebrae, tiro dez dias de férias, e faço um curso chamado Empretec, quem é da área do empreendedorismo, muitas pessoas fizeram esse curso. Ele acontecia em período integral de manhã e à tarde, e tiro as férias para fazer, nesse momento, minha cabeça gira 360 graus e aí eu começo estudar profundamente gestão. Faço diversos cursos até o ano retrasado, quando fiz um curso na Escola Superior de Defesa, chamado curso de Autos Estudos e Defesa, capacitação em defesa, segurança que sempre foi a minha área, porque fui juíza criminal também, e estudo o desenvolvimento que é a gestão. Para se ter uma ideia, fiz curso em São Paulo, que hoje o ex-governador e atual senador Confúcio Moura faz.
30 MINUTOS – Com 25 anos de magistratura, ou seja, no Judiciário, o Executivo é uma área desconhecida para a senhora?
EUMA TOURINHO – Não é desconhecida. Sou uma pessoa que sempre estudou gestão. Quando cheguei ao Tribunal de Justiça, 2018 e 2019, e fui convidada para ser juíza auxiliar da presidência e fui para uma área que se chama precatório, onde pessoas que ganharam ação contra o Estado, contra o Poder Público, queriam receber seus créditos, pois bem. Nesta pauta tinha o Estado: 52 municípios, incluindo obviamente Porto Velho e as autarquias. Então eu, uma mulher de gestão, me identifiquei. No macro, começo a conversar com prefeitos. Alguns não tinham sequer secretários de fazenda, não tinham procuradores do município, coloco eles “embaixo do braço”, e falo vem cá que vou te ajudar. Sei qual é orçamento da tua prefeitura, sei qual é o caminho a trilhar. Isso aconteceu com muitos, inclusive de Porto Velho, que tinha uma fila que não andava, e o não pagamento do precatório pode gerar uma situação de sequestro, o Poder Judiciário vai lá e pega o dinheiro do município para poder cumprir sua obrigação. Eu ajudei Porto Velho que acaba parcelando débito, Ariquemes também, na época o prefeito Thiago Flores, que hoje é deputado federal, e as filas começam a andar, tudo obviamente, decidido pelo presidente do Tribunal de Justiça, porque eu fazia os projetos, mas a decisão era dele. Quem assinava era o CPF do presidente, mas, eu fazia todo atendimento, sentava com prefeito e fazia todo esse raio x geral. Isso lhe garante uma ampla experiência na área.
Em seguida, saio da presidência do Tribunal de Justiça, e vários colegas me procuram na época da pandemia para que eu concorresse à presidência da AMERON, uma entidade que é como um “sindicato” dos juízes, já que juiz não pode ter sindicato. Eu coloquei meu nome diante de um cenário que era bastante diferente, junto com a minha diretoria eleita, meu mandato iria até dezembro, quando chega dezembro do ano passado eu completo meu período de aposentadoria, cumpri os requisitos de idade e tempo de serviço, porque tenho 53 anos e trabalho desde os 15 com carteira assinada. Na AMERON fiquei por dois mandatos.
“Tudo isso ocorre porque não há um transporte público que atenda, com qualidade, a demanda da população”
30minutos – Na sua trajetória como foi estar sempre no comando, houve discriminação, sofreu com o machismo em algum momento?
EUMA TOURINHO – Sim, como todas a mulheres sofrem. Eu entrei com 28 anos, me viam como se fosse uma estagiária, me perguntaram se havia sofrido machismo, eu respondi que o machismo existe no mundo, então nunca me coloquei em situação de vítima, o que eu fazia? vai me tratar assim? vou trabalhar mais, vou produzir, não estou aqui de favor, não entrei por conformidade de políticos nem nada, então saio deste contexto sou eleita e reeleita na AMERON, e iria até o final do ano, mas, no momento que dá o meu tempo eu pensei, eu posso abrir uma empresa, eu gosto de gestão, então vou montar uma escola de governo porque eu tenho expertise para isso, tenho possíveis sócios, nesse sentido e vou ajudar o Estado inteiro. Com essa visão, posso ajudar trazer mais recursos, posso ajudar fazer projetos, posso ajudar executar projetos.
30MINUTOS – Como surge a política partidária e a possibilidade de candidatura?
EUMA TOURINHO – Pois bem, no momento que me aposento começo ser procurada por várias lideranças para ser candidata a prefeita. Não houve nenhum convite para ser candidata a vice como divulgaram. Pensei: entrar na vida política, tenho uma semana de luto (pela aposentadoria), luto não é morte mas uma ruptura, não vivi meu luto e sento com a família e começo a conversar sobre isso, sobre as propostas e a possibilidade de entra para a política partidária.
30MINUTOS – A senhora foi sondada por vários partidos, por que a escolha pelo MDB?
EUMA TOURINHO – Decidi ouvir o que essas pessoas tinham a me dizer, porque precisava saber se combinava com o que penso sobre vida em comunidade. Ouvi a vida inteira demandas das pessoas que sentaram à minha frente como juíza, os problemas que a maioria da população enfrenta. Acredito ser a hora de apresentar soluções. De todas as conversas preliminares a que mais me tocou, que se aproximou daquilo que penso, foi a proposta defendida pelo MDB.
Não só porque é um partido de centro, que dialoga com todo mundo, mas principalmente porque é um partido que tem estrutura, que esteve na história de Ulisses Guimarães e Tancredo Neves, então nesse momento eu faço uma aproximação com MDB. Descobri aqui no dia da filiação, que meu pai também era filiado, não tinha conhecimento disso, até falaram assim na entrevista que teve aqui, ah ela foi para o MDB porque o pai dela era de lá, como se meu pai substituísse a minha vontade. Após uma série de conversas e avaliações, resolvi me filiar.
30MINUTOS – A juíza a população conhece, do seu ponto de vista, quem é Euma Tourinho?
EUMA TOURINHO – Uma brasileira forte, rondoniense de coração, cidadã portovelhense – e recebi esse título -, casada, mãe de um filho, uma pessoa que trabalha muito, que tem comprometimento, que tem seriedade, que é vista como uma pessoa justa, honesta e quem tem um preparo técnico jurídico para administrar nossa cidade.
30MINUTOS – A senhora hoje é a nova face da política de Rondônia, como a senhora está recebendo toda essa atenção, e como será seu plano de governo e as principais áreas de atuação?
EUMA TOURINHO – Eu penso que nenhuma área pode ser renegada, mas há alguns eixos principais: educação é um eixo principal, eu não posso ter uma escola que tenha dois alunos por sala porque as outras se evadiram, por exemplo. Saúde: não há ao longo do tempo, pessoas que tenham me dito nesses dias que estão satisfeitas. Pelo contrário, a reclamação é permanente, de uma saúde que é deficitária, que não funciona, que não tem atendimento, que não tem retorno ao agendamento de consultas e exames etc.
Nós temos inclusive outros itens que são relacionados com a saúde, por exemplo: tenho asfalto na cidade em muitos pontos, mas, encima do asfalto não tenho transporte público adequado para o tamanho da cidade, e eu tenho uma redução do número de ônibus, e eu quero estudar isso, porque houve redução no número de ônibus? Será que é porque há um número maior de motocicletas? E o número de motocicletas é porque as pessoas economizam, arriscando a própria vida e de sua família tomando chuva seis meses por ano? Tudo isso ocorre porque não há um transporte público que atenda, com qualidade, a demanda da população.
O maior número de atendimentos em hospitais é em razão de acidentes de trânsito. Deste total, cerca de 80% envolvem motocicletas, então veja que lá na frente que acidente de trânsito está relacionado à saúde pública, gerando inclusive, um grande impacto no Sistema Único de Saúde (SUS).
Posso falar de criminalidade que é um eixo importantíssimo, um número absurdo, feminicídio. Em primeiro lugar, violência contra as mulheres, criminalidade relativas a drogas, roubos, tudo isso, será que gente poderia em nível municipal ter programas por exemplo, que trabalhe mais essa violência doméstica, que atinge no primeiro momento a mulher, mas tem consequência para todo sistema familiar, principalmente para os filhos, filhos que crescem em ambiente violento, que abandonam a escola? Há uma reação em cadeia. Então, vamos lá: educação, saúde e segurança pública, podemos falar de saneamento básico também. Temos apenas 2% de saneamento que são de condomínios, Porto Velho é a pior capital do país em saneamento e tem o marco temporal aí que diz que a gente tem que ter saneamento de qualidade e que funcione. Por exemplo: quando tem alagamento, seis meses de chuva, bocas-de-lobo entopem. O que pode ser feito, preventivamente, para evitar todos os transtornos causados?
Só aqui a gente já consegue atingir esses quatros eixos. Ninguém pode pensar em ser prefeito de Porto Velho sem atingir esses quatros eixos.
30MINUTOS – Em se tratando de saneamento e água tratada, há algum projeto para a Zona Sul, mais carente na capital, considerando que a Caerd não atende toda região?
EUMA TOURINHO – Vários locais precisam de nossa atenção, os Distritos foram abandonados, estradas vicinais e etc. Durante as eleições as pessoas vão lá pedir votos – e que bom que eu não sou da política eu estou entrando agora-, e depois são abandonados. A Zona Sul não tem só esse problema grave, tem outros e vou te falar: regularização fundiária, água tratada que está há 30 anos de forma ineficiente, na época da seca o que acontece? Caos. A Caerd é de responsabilidade do governo, podemos conversar com governo? Podemos conversar com todo mundo, porque o MDB é um partido que conversa com todos, não tem cabimento a pessoa ter de pegar água em balde, colocar na bicicleta para poder resolver abastecer sua casa porque não tem água, como acontece hoje naquela região.
Não posso adiantar um plano de governo. Primeiro, porque não está pronto, o momento agora é de ouvir as pessoas, saber o que elas querem, olhar no olho se comprometer com o tal “fio do bigode”, como falavam antigamente e deveria valer mais que um papel assinado. Segundo, eu preciso e vou ter especialistas ao meu lado, pessoas preparadas que me ajudem a construir aquilo que tenho em mente, secretariado técnico, aquilo que as pessoas vão me falar. Outra: amizade não significa competência, então o critério é técnico, de escolha de confiança, quem não se sustentar será retirado sem dó nem piedade, isso está claro na minha mente. Por isso, o plano de governo será lá pra frente, porque tudo que estou pensando, eu não quero que copiem e joguem ao vento. O momento é de colher informação, passar pela convenção, ser confirmada, se o partido entender que sou a melhor opção.
