Porto Velho, RO, 25 de novembro de 2024 22:45

Palácio receia “pacote de maldades” de Lira após confronto com governo

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Incógnita sobre o humor do presidente da Câmara após confronto com o governo marca o início da semana. Lula e o PT reagiram aos ataques ao ministro Alexandre Padilha, que saiu fortalecido no cargo e segue na equipe do chefe do Executivo

A semana se encerra com a mais áspera crise entre o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que já expuseram suas diferenças antes, mas não em um patamar como agora. A troca de ataques entre o comandante da Casa e um dos principais ministros do governo — Alexandre Padilha (Relações Institucionais) — envolveu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que saiu em apoio público a seu auxiliar.

Foi Lira quem começou essa rusga, ainda sob efeito da decisão dos deputados em manter Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) na prisão, na penitenciária de segurança máxima em  Campo Grande (MS). Ele tornou público o que dizia sobre Padilha em conversas reservadas, e o chamou de “incompetente” e um “desafeto pessoal”.

O ministro reagiu  e anunciou que não iria baixar a esse nível. Porém foi de Lula o recado mais duro a Lira. “Mas só por teimosia, o Padilha vai ficar por muito tempo nesse ministério”, rebateu o presidente da República.

Quem conhece, sabe que Lira não suporta reveses, e o ímpeto com o qual retornará à Câmara é uma incógnita. Foi lembrado que o último presidente da Câmara que se irritou bastante com o Executivo, Eduardo Cunha (MDB-RJ), reagiu pautando o impeachment de Dilma Rousseff, do PT. No entanto, algo assim é absolutamente fora de cogitação, ainda que existam pedidos nesse sentido protocolados, de autoria dos bolsonaristas extremistas.

O Planalto receia que o presidente da Câmara lance mão de um “pacote de maldades” e paute projetos para impor derrotas ao governo. A dúvida é sobre a extensão dessas retaliações. Ninguém acredita em outra medida drástica de Lira, como se vingar do resultado da votação envolvendo Brazão. Em resposta, ele atuaria para evitar a cassação de seu mandato, algo improvável. Até porque o próprio PL, de Jair Bolsonaro, que atuou para tirá-lo da prisão, protocolou pedido para cassá-lo e tem o entendimento de que retirar o parlamentar fluminense do convívio com os seus pares é caminho sem volta.

Na semana que começa, está prevista sessão do Congresso para votar vetos de Lula, entre os quais um que envolve verba de emenda. O presidente cortou R$ 5,6 bilhões de emendas de comissão. Há acordo com o Planalto para que deputados e senadores derrubem parcialmente o veto e fiquem com R$ 3,6 bilhões desse montante, para distribuir entre eles. O Executivo levaria, assim, R$ 2 bilhões. O receio é o Congresso vetar de forma integral e faturar sozinho essa bolada.

A reação de Lira ao partir para cima de Padilha não foi bem recebida nem por aliados do presidente da Câmara, que avaliaram que ele extrapolou. Ficou expresso, diz um deles, que foi uma ação “ditada pelo fígado, e não com a cabeça e o racional”.