Porto Velho, RO, 25 de novembro de 2024 17:53

STF tem maioria e define que militar não é moderador

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Ministros votam contra tese casuística de que o artigo 142 da Constituição dá às Forças Armadas papel decisivo em caso de conflito entre os Poderes. Argumento era usado pelos bolsonaristas para dar golpe

Supremo Tribunal Federal (STF) formou, ontem, maioria para rejeitar a interpretação de que as Forças Armadas teriam um “papel moderador” em relação a Executivo, Legislativo e Judiciário. A tese foi alardeada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores a respeito de uma interpretação causística do artigo 142, da Constituição — que serviria, inclusive, para embasar juridicamente uma ruptura institucional.

Até agora, seis ministros votaram contra a suposta “moderação” a que os militares teriam como prerrogativa. Gilmar Mendes, André Mendonça, Edson Fachin, Flávio Dino e o presidente Luís Roberto Barroso seguiram o voto do relator, Luiz Fux, e entenderam que a Constituição não permite intervenção militar.

A ação sobre o papel dos militares à luz do artigo 142 foi proposta pelo PDT, que questiona os limites para a atuação das Forças Armadas. O julgamento vem se realizando no Plenário Virtual — no qual os ministros inserem os votos no sistema eletrônico, sem deliberação. Os magistrados têm até o dia 8 para deliberar.

Segundo o voto de Fux, “qualquer instituição que pretenda tomar o poder, seja qual for a intenção declarada, fora da democracia representativa ou mediante seu gradual desfazimento interno, age contra o texto e o espírito da Constituição”.

Já o voto com palavras mais duras até agora foi o de Dino, que o liberou no domingo, exatamente quando o golpe militar completou 60 anos. Ele afirmou que a função militar é “subalterna” e classificou a ditadura que perdurou no Brasil por 21 anos como um “período abominável”.

De acordo com fontes do STF, o voto de Dino expressou, sobretudo, a indignação do 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas depredaram as sedes dos Três Poderes numa tentativa de consolidar um golpe de Estado contra Luiz Inácio Lula da Silva e a favor de Jair Bolsonaro. À época, Dino era ministro da Justiça e Segurança Pública e foi frequentemente acusado pelos apoiadores do ex-presidente de ter se omitido e facilitado o vandalismo contra o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso.

Fonte: CorreioBraziliense