Cidades da Amazônia Legal têm taxa de mortes violentas 54% maior que o restante do Brasil, diz anuário

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Levantamento aponta que houve 33,8 mortes desse tipo por 100 mil habitantes nos 425 municípios da Amazônia Legal, contra 21,9 no restante do país

 

Cidades localizadas na região da Amazônia Legal tiveram uma taxa de mortes violentas intencionais no ano passado 54% superior ao registrado no restante do Brasil, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira (20).

O levantamento aponta que houve 33,8 mortes desse tipo por 100 mil habitantes nos 425 municípios da Amazônia Legal – formada pelos Estados do AmazonasAcreRondôniaRoraimaParáAmapáTocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão. Nas demais cidades brasileiras, a taxa foi de 21,9 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes.

A média nacional em 2022 ficou em 23,4 mortes por 100 mil habitantes, o que representou um total de 47.508 vítimas – ainda assim, houve uma queda de 2,4% na comparação com 2021. A maior taxa, de 50,6 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes, foi registrada no Estado do Amapá, enquanto a menor ficou em São Paulo, com 8,4.

A categoria mortes violentas intencionais corresponde à soma de vítimas por homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora de serviço.

O estudo aponta pelo menos dois fatores que contribuem para o crescimento da violência letal na Amazônia Legal.

“A intensa presença de facções do crime organizado e de disputas entre elas pelas rotas nacionais e transnacionais de drogas que cruzam a região; e o avanço do desmatamentogarimpos ilegais e a intensificação de conflitos fundiários, que resulta também no crescimento da violência letal”, destacou.

Em uma publicação no Twitter comentando os dados do anuário, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai anunciar nesta sexta-feira (21), entre outras ações, um plano específico de atuação para a Amazônia, onde a violência cresce.

Nos últimos anos, em especial durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a região amazônica chamou atenção internacional devido o aumento do desmatamento e outras ações criminosas. Um dos casos de grande repercussão foram os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira no interior da floresta amazônica, em junho de 2022.

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